Quase dez anos depois da venda da papeleira Ripasa para a antiga Votorantim Celulose e Papel (VCP) e para a Suzano, o empresário Osmar Elias Zogbi volta ao setor com um projeto ambicioso: erguer uma fábrica de celulose no Tocantins em parceria com um grupo estrangeiro.
Zogbi comanda a Eco Brasil Florestas, dona do maior projeto florestal independente do país. Ele negocia com um produtor do exterior a construção de uma unidade de fibra de eucalipto no norte do Tocantins, com início de operação previsto para 2017 ou 2018 e investimentos estimados de US$ 2,5 bilhões.
“Varios grupos já demonstraram interesse e a Eco Florestas quer ser o canal para um novo grande investimento estrangeiro na indústria brasileira de celulose”, disse Zogbi ao Valor. Fundada em 2007, a empresa tem como acionistas a ZDA, holding que reúne vários ex-donos da Ripasa, com participação de 35%; a Claritas Investimentos, com 25%; a BRZ Investimentos, com 18%; o grupo Safra, com 15%; e a BR Partners, com 7%. Juntos, esses acionistas já investiram R$ 500 milhões no plantio de eucalipto em quatro áreas no norte de Tocantins, com distância média de 60 km do local onde será erguida a fábrica, em Araguaína.
A Eco Floresta tem 120,6 mil hectares de terras comprados, dos quais 42 mil já plantados com eucalipto. Somente em florestas, os investimentos previstos atingem R$ 1 bilhão. Projeto desenhado pela consultoria finlandesa Pöyry prevê uma linha com capacidade para produção de 1,5 milhão de toneladas anuais de celulose. Para abastecer uma unidade desse porte, são necessários 150 mil hectares plantados aberto a Eco Florestas planeja alcançar 180 mil hectares de terras próprias, com 100 mil hectares plantados, e vai garantir outros 50 mil hectares de eucalipto por meio de arrendamento ou fomento.
Além do projeto da Eco Florestas, até 2017 devem entrar em operação uma nova fábrica de celulose da Suzano no Maranhão, uma unidade produtiva no Uruguai pertencente à Stora Enso e à Arauco, a expansão da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba (RS), a nova fábrica da Klabin e, provavelmente, a segunda linha da unidade da Fibria no Mato Grosso do Sul. Serão mais de 7 milhões de toneladas adicionais de celulose de fibra curta e de fibra longa no mercado mundial, que prometem pressionar as cotações da matéria-prima. Ainda assim, Zogbi vê espaço para o seu novo empreendimento.